Um ano a caminhar com São Paulo – 23.ª Semana
Eucaristia, factor de comunhão
A questão fundamental para São Paulo e para a Igreja hodierna, é que a Eucaristia seja um factor de comunhão para todos os participantes. Não se trata apenas de comungar o Corpo e o Sangue do Senhor, no momento do momento chamado «Comunhão» da missa, mas sim de que a participação da Eucaristia, resulte numa autêntica comunhão de bens e de sentimentos entre todos os participantes, sem exclusão de quem quer que seja, mesmo dos mais pobres.O problema das divisões que assolavam a comunidade de Corinto e que têm sido apanágio de algumas comunidades cristãs através dos tempos, sem excepção para os dias de hoje, foi trazido a Paulo: «Reunis-vos, não para vosso proveito, mas para vosso dano. É que, antes de mais, ouço dizer que, quando vos reunis em Igreja, há divisões entre vós, e em parte eu acredito. E até é necessário que haja separações entre vós, para que se tornem conhecidos aqueles que de entre vós resistem a esta provação». (1Cor 11, 17b-19).Já Paulo considerava que há males que vêm por bem, pois as divisões fariam sobressair os que delas se abstivessem. No entanto, não deixa de salientar que as reuniões com divisões apenas contribuíam para o dano e não para o proveito dos seus participantes.Para entendermos melhor as observações ao Apóstolo, devemos recordar os costumes e hábitos dessas primeiras comunidades cristãs que celebravam a Eucaristia integrada numa refeição, numa ceia, tal qual fizera Jesus na sua última Ceia com os Apóstolos.Ao começar a refeição, era consagrado o Pão eucarístico que todos comungavam, seguia-se a refeição propriamente dita, e ao final desta, era consagrado o Vinho que os participantes voltavam a comungar, a beber.Ora, segundo afirma São Paulo, era durante esta ceia que se praticavam alguns abusos, tanto na comida como na bebida, pois uns comiam demasiado, (os ricos), outros passavam fome, (os pobres) e outros ainda se embriagavam. Tudo isto Paulo os lança em rosto: «Quando, pois, vos reunis, não é a ceia do Senhor que comeis, pois cada um toma a sua própria ceia. E, enquanto um passa fome, outro fica embriagado. Porventura não tendes casas para comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus e envergonhais aqueles que nada têm? Que vos direi? Hei-de louvar-vos? Nisto não vos louvo» (1Cor 11, 20-22).
Narração mais antiga da instituição eucarística
Paulo aproveita o ensejo para recordar-lhes a instituição da Eucaristia, durante aquela que foi a última Ceia de Cristo na véspera da sua morte, assim como a relação íntima entre uma e outra. A Eucaristia recorda e actualiza no tempo o mesmo sacrifício e entrega da sua vida, numa nova aliança entre Deus e a humanidade. Aquela reunião, portanto, onde se come e bebe o Corpo e o Sangue do Senhor, tem um significado muito mais alto do que se tratasse apenas duma refeição comum. «Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: O Senhor Jesus, na noite em que era entregue, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim». Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, sempre que o beberdes, em memória de mim». Porque, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.» (1Cor 11, 23-26).Por esta razão sublime, por tratar-se da Ceia do Senhor, é que Paulo recorda algumas condições de dignidade, de comunhão, de fraternidade que deveria existir entre todos os participantes: «Assim, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho. Pois aquele que come e bebe, sem distinguir entre o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Por isso há entre vós muitos débeis e enfermos e muitos morrem. Se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados pelo Senhor, Ele corrige-nos, para não sermos condenados pelo mundo». (1 Cor 11, 27-32).Paulo faz a sua exortação final, em ordem à vivência do amor, à fraternidade, entre todos os comensais, participantes da mesma Eucaristia: «Por isso, meus irmãos, quando vos reunirdes para comer, acolhei-vos uns aos outros. Se algum tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para vossa condenação. Quanto ao resto, hei-de resolvê-lo quando chegar». (1 Cor 11, 33-34).
50 mil cristãos celebram o natal como refugiados
50 mil cristãos correm o risco de celebrar o natal como refugiados na Índia, após a onda de violência que se abateu sobre esta comunidade nos últimos meses, em especial no Estado de Orissa. Quando se aproxima a celebração do Natal, a comunidade cristã exige “justiça e segurança”. Apesar de a Igreja em Orissa ter anunciado que as Missas se celebrarão em todas as paróquias, na parte da manhã e da tarde do dia de Natal, mais de 50 mil cristãos, entre homens, mulheres e crianças, correm o risco de celebrar esta festa como refugiados, escondidos nas florestas ou nos campos de deslocados, temendo pelas suas vidas. Segundo a agência missionária do Vaticano, Fides, os cristãos “não têm a coragem de voltar às suas casas - muitas foram destruídas ou expropriadas ilegalmente pelos fundamentalistas hindus - por causa do medo de novas violências e ameaças”. Segundo estimativas da Igreja local, 4500 casas de cristãos foram queimadas em Orissa e em 300 aldeias a presença cristã foi totalmente apagada.
Jm.Pedras Vivas Domingo. 30 de Novembro de 2008